terça-feira, dezembro 23, 2008

Sem frio em casa






Estou sempre falando do meu choque cultural na Inglaterra pelas diferenças que sinto com o Brasil – mas posso perfeitamente falar também do meu choque cultural pelas semelhanças – o que é chocante também, porque sempre penso que estou no famoso primeiro mundo - tudo de ruim que tem aí tem aqui também.

Às vezes parece que não saí do Brasil, com a diferença que é tudo em inglês. Em São Paulo eu tinha a sensação de ter de lutar pelos meus direitos o tempo inteiro, no posto de gasolina, no supermercado, no restaurante, onde quer que eu fosse. Aqui eu pensei que seria diferente, mas é exatamente igual. Eles usam aquela famosa tática “se colar, colou”. Ou seja, se você não falar nada, eles te passam a perna o tempo todo.

Se você comprou alguma coisa com problema, eles tendem a achar que você que é o problema. Por exemplo, eu tenho uma geladeirinha, tipo minibar, que nunca funcionou, embora seja nova. Ela veio quando eu troquei de apartamento e faz quase três meses que estou brigando com a empresa para trocar a maldita. Eu sei o que vocês vão falar, está frio, você não precisa de geladeira, mas dentro de casa tem aquecimento, preciso sim da geladeira porque eu só tenho direito a uma prateleira na geladeira que divido com os aborrecentes.

Reclamei para a empresa, eles mandaram um técnico depois de duas semanas. O técnico avaliou que precisava de uma nova peça, que viria em uma semana. Claro que ninguém ligou para falar nada, eu liguei de novo e eles disseram que na verdade era melhor trocar tudo. Mas é claro que não ligaram de novo e recebi pelo correio a peça que deveria ser trocada. Veio o técnico de novo e constatou que a peça era maior que a original, não deu para trocar.

Aí eu tive que dar um show de horror por telefone, falei com um monte de gente e foi igualzinho aí – tinha de repetir toda a história de novo para cada um deles. Quando cheguei no terceiro atendente eu estava quase falando um palavrão em português mesmo e aí eu disse para ele me ligar porque eu não mais gastar dinheiro com ligações para esta empresa, que absurdo! Para minha surpresa o cara ligou de volta. No final ele ficou de trocar a geladeira no final de janeiro. O quê? Está louco, até meus iogurtes já estragaram. Então ele propôs me devolver o dinheiro e ficou de ligar para acertar tudo. Você ligou? Ele também não. Mas ele ainda não sabe com quem está lidando, eu tenho prática com gente que não funciona....enfim, a novela da geladeira ainda não chegou ao fim. Aguardem os próximos capítulos depois do Natal!

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Merda branca







Todo mundo só vê as pingas que eu tomo, mas não vê os tombos que eu levo. Eu nem bebo e na semana passada todo mundo viu o tombo que eu levei no gelo – me senti uma pateta. Eu já tinha comentado com alguns amigos que o povo cai na rua quando a neve começa a derreter, até fiquei de tirar fotos das pessoas caindo – só que quem caiu fui eu, logo no primeiro dia que nevou....

Certa vez li uma piada pela internet dizendo que a neve era igual merda branca. Primeiro achei um absurdo, mas agora eu tive certeza, escorrega de verdade e você cai em cima dela, a única vantagem é que não tem cheiro. Quando cai muita neve, ela fica fofa e aí não tem perigo – o problema é quando cai pouco ou quando começa a derreter, é igual andar na pista de patinação sem patins! Só é romântico quando você está olhando a neve pela janela, bem quente dentro de casa....

Dou graças a Deus que não tenho carro aqui– pois se eu tivesse, não teria garagem, pois ninguém tem, e o carro ficaria coberto de gelo pela manhã....tem uma pazinha especial para remover o gelo do pára-brisa, e quando tem neve de atolar tem que levar uma pá mesmo. Imagina com quanta antecedência tem que acordar para toda essa mão-de-obra, sem falar que o carro tem de esquentar antes de sair, que nem os nossos carros a álcool do passado! Credo!
Aqui é impossível eu acordar antes das 8, estou fora deste trabalhão....