quarta-feira, junho 11, 2008

Teoria nem sempre é prática



Eu tenho uma teoria: todo mundo é mais flexível com o sexo oposto. Mãe com filho, pai com filha, irmão com irmã, chefe com subordinado, garçom com clientes do sexo feminino e por aí vai. Quando eu viajo para o exterior, já sei que o meu passaporte brasileiro não é dos mais bem-vindos. Por isso, quando chego na fila da polícia federal, escolho sempre uma na qual eu tenha de passar por um homem. As minhas experiências com as mulheres sempre resultaram em algum desconforto.

Achei que a máxima serviria sempre, inclusive no aeroporto de Atenas, ao passar minha mochila pelo raio X. Nas passagens anteriores, os policiais implicavam com meu xarope, já que ninguém pode embarcar com nenhum líquido ou substância cremosa. Mas era só mostrar que era remédio e me liberavam.

O fato é que eu tinha esquecido que eu também estava com um vidro de berinjela que eu havia comprado na Itália. De quebra, mais dois vidrinhos de patê de funghi com trufa – uma iguaria que nunca vi no Brasil, comprada com a maior alegria. Não deu outra: a máquina de raio X acusou as guloseimas na minha mochila, pois não eram sólidas.

Nem liguei, já tinha automatizado o gesto de abrir a mochila e tirar o xarope, dizendo: “Medicine”! Mas o fato é o que o chefe da inspeção achou mais de um vidro e sacou a berinjela que tinha comprado para minha mãe. “You can´t keep this, it´s liquid”, e colocou no lixo do aeroporto – queria eu ter acesso a tudo aquilo que eles confiscam dos passageiros.

Tentei argumentar, disse que tinha pouco líquido, só um pouquinho de azeite, mas ele foi inflexível e de quebra disse que tinha mais líquidos na minha bagagem. Logo pensei nos meus patês.....ai, que dor no coração! A sorte é que ele saiu de perto para verificar outra bagagem e fiquei nas mãos de outra policial, uma mulher. Ela viu os vidrinhos e eu implorei para ela não confiscar, não é nenhuma bomba, é para minha mãe, por favor, por favor, é tão pouquinho....Ela disfarçou, olhou ao redor, o chefe estava longe, colocou de volta na minha mochila e falou para eu ir embora rapidinho.

Ainda bem que na prática a teoria é outra.