quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Olhar estrangeiro


Passado o choque dos primeiros três meses (parece que este é um número mágico, que serve de experiência no emprego, no namoro e até para readaptar-se na própria cidade), acabei mudando meu olhar para São Paulo e para o Brasil. Depois de um período de olhar distante, redescobri que o diabo não é tão feio quanto parece e ele pode vestir Prada também, por que não?

Claro que não suporto as chuvas e o trânsito da décima cidade mais rica do mundo, mas tem uma série de outras coisas que aprendi a enxergar com o olhar de um estrangeiro. Na verdade, a cidade não é tão desprovida de árvores. A região da Paulista, o parque Trianon, o Ibirapuera, O Parque do Morumbi não deixam nada a desejar em termos de arborização para nenhuma cidade grande do mundo.

O clima mutável era motivo de reclamação, mas não tem nada melhor que acordar de manhã e já sentir a temperatura alta, ver um céu azul e as pessoas mostrando os braços na rua. Damos um banho de cidadania quanto o assunto são os idosos. Aqui, eles têm filas especiais nos bancos, nos supermercados e não pagam pelo transporte público – o que está longe de acontecer na Inglaterra.

A segurança é frágil, mas em qualquer cidade grande do mundo todo cuidado é pouco. O Brasil produz muito do que se consome, de carros a frutas frescas. Não é qualquer país que tem este privilégio. O mais surpreendente era o transporte público, consagrado como péssimo e entre os piores do mundo. Hoje, os ônibus que trafegam pelos corredores são mais rápidos que os carros, melhorou bastante.

Sem falar nas pessoas, que apesar das grandes falhas de educação que temos, são extremamente receptivas com os estrangeiros. Existe uma frase que abre todas as portas: "Eu não falo português!" É só falar as palavras mágicas que os brasileiros só faltam botar no colo e levar para a casa. E ainda por cima estamos comandando o crescimento dos países emergentes, vamos ter Olimpíada e Copa do Mundo. Por isso cheguei a conclusão junto com a Karla, que mora na Inglaterra: o ideal não é ser brasileiro, o bom mesmo é nascer estrangeiro e morar aqui. Não é ótimo ser gringo no Brasil?