quarta-feira, abril 02, 2008

A fila anda



A frase parece lugar-comum, mas é verdade. Em geral, anda mais rápido para os homens, que não conseguem ficar sozinhos, mas as mulheres estão se superando. Um bom exemplo vem da Júlia, mulher na faixa dos 30 anos, solteira. Ela tinha um amigo com o qual saía regularmente. Iam ao cinema juntos, às baladas, aos programas dos amigos, casamentos, eventos de família e até viagens. Mas não era uma amizade apimentada não, eram somente amigos. Só que todas as vezes que eles se despediam ficava aquele vazio no ar. Não faltava alguma coisa? Um beijo, um abraço mais apertado, sei lá, qualquer contato físico?


Ele nunca manifestou uma palavra a respeito. Ela, por sua vez, ficava inquieta. Como pode, conheço esse rapaz há cinco anos, saímos como namorados há seis meses e nada acontece? Vou ter de falar com ele.


Foram ao cinema. É hoje que eu falo, pensou ela. Logo depois do cinema ele propôs irem a um restaurante e já foi logo perguntando o que ela achou do filme, engatou num papo que não tinha fim. Ela ficou intimidada e perdeu a coragem. No dia seguinte, por telefone, a mesma coisa. Ele tinha um repertório de assuntos tão grande que não dava brecha para ela interromper. Não tinha clima. E assim foi, encontro após encontro, até que ela resolveu mandar um email dizendo que gostaria de ter um relacionamento com ele.


Silêncio mortal. Assim foi por vários dias, inclusive no final de semana, até que ele respondeu que sentia apenas amizade por ela. Deu a entender nas entrelinhas que não sentia atração.
A casa caiu, o mundo desabou, que droga de vida! Estragou a amizade também. Viajou para a praia com as amigas, precisava ficar longe. Na balada, conheceu outro coração partido, com quem ficou falando do nefasto a noite inteira. E ele falando da cretina que largou dele. Na mesma noite, trocaram um olhar diferente, de interesse genuíno um pelo outro. Atração. E ali mesmo começou uma história de amor que continua até hoje, vários meses depois. Graças ao falecido.