feio na minha primeira corrida de rua, 10 quilômetros – não poderia ser uns
cinco? Nunca consegui cumprir 10 quilômetros na esteira e, segundo meu treinador, é bom
correr na academia pelo menos 50% a mais da distância na rua, em função dos
obstáculos. Chegando lá, descobri o quanto é importante o estímulo do ambiente e por que não dava para ficar mais que 40 minutos na esteira. O pior é acordar às 6h30 da manhã no domingo, mas vencida esta etapa da cama que não quer me largar, tudo é festa. Antes mesmo de chegar, já se vê um mar de camisetas amarelas da Nike na rua. Pessoas alegres, em grupos, alongando, tomando água e opps! Preciso ir ao banheiro antes de começar. Senão, só daqui a duas horas.
Parecia o banheiro do cinema depois da sessão: filas e mais filas. Já eram 8h00, início da prova. “Acho que vai atrasar, senão essa gente não estava aqui”, pensei. Doze minutos depois, eu ainda na fila, passou o Fábio correndo – ele já estava na metade do percurso e eu ainda na fila do banheiro! Tudo bem que ele ganhou a corrida, mas já pensei que por causa do xixi eu seria impedida de correr. “Vamos agilizar o xixi”, gritavam as pessoas.
Cheguei na largada às 8h23. Ninguém me pediu nada, nem me impediu de correr. Beleza. Vamos lá. Dois quilômetros depois, a banda cover U2 Brasil estava incentivando os participantes. Nada mau, correr ao som de “Vertigo”. Depois do quinto quilômetro, ouvi o som de “Day Tripper” , cantado pelo Beatles Forever. Até acelerei o passo.
Como o mundo não é só feito de rock, a bateria da escola de Samba Rosas de Ouro colocou o seu batuque para incentivar os mais ofegantes, e quem já tinha completado a prova voltava para dar força aos retardatários. Com tanto estímulo ao redor, cheguei ao final da prova como se estivesse caminhando no parque – depois de uma hora e dez minutos, tive uma sensação de vitória e me animei para as próximas. Da próxima vez, não vou amarelar.
