domingo, março 04, 2007

Do Circuito Elizabeth Arden para a trilha Ho Chi Mihn


Quem não gosta de ficar num hotel luxuoso num país de primeiro mundo, onde se vê pouca desigualdade social, taxas de desemprego marginais e progresso constante? Pois é. Nos últimos dez anos era essa a minha realidade profissional. Viajava para Amsterdã, Berlim, Roma, Edimburgo, São Francisco, Nova York, Boston, Montreal. Tratamento educado, cobertura de assuntos exclusivos e condições de trabalho de primeira.

Não que essas condições fossem essenciais para o trabalho, mas que era agradável, não resta dúvida. Para minhas viagens de férias, não precisa tanto. Basta um local limpo e um banheiro adequado e pé na estrada.

Agora a realidade é outra. Acabou o circuito Elizabeth Arden e começou a trilha Ho Chi Mihn, uma nova fase na carreira. Como todas as experiências na vida, essa é igualmente importante, embora menos glamourosa. Indústria pesada, pó, mau cheiro, pé na terra, dificuldade de acesso. Hotéis barulhentos, malcuidados, comida sofrível fazem parte desta realidade.

Parecem que os opostos se atraem e num certo momento até se fundem. O circuito Elizabeth Arden deve ter sido a trilha Ho Chi Mihn um dia, toda inversão é possível – basta lembrar o que aconteceu com a charmosa New Orleans depois do furacão Katrina. Porém, não esqueço da minha professora de história da arte que dizia: “Para interpretar uma santa, uma atriz tem que saber como é a prostituta”. É assim que eu me sinto: vivendo agora o outro lado para elaborar a síntese.

5 comentários:

Silvia Regina Angerami Rodrigues disse...

Estela, tb vejo uma enooorme diferença entre as coletivas chiques das empresas de tecnologia e as coletivas mequetrefe das federais, que servem café na garrafa térmica e num tão nem aí. hahaha!!! Tem gente que, se já tivesse morrido, se reviraria no túmulo ao ver uma coisa dessas... hahaha. Mas de onde são essas fotos?? ou são só pra ilustrar??

Unknown disse...

Santa Estela! Sensacional a sua descrição. Mas enfim, já dizia Cândido, o Otimista: O mundo em que vivemos é o melhor dos mundos em que poderíamos viver.

Anônimo disse...

Oi Estela,
Pense na beleza do circuito Ho Chi mihn, a diversidade cultural, as experiências sociais únicas. O circuito glamouroso é mais monótono e previsível. E como você faz viagens curtas, sugiro levar umas barrinhas de cereais diferentes e as frutas as quais está habituada. Nas férias você pode curtir as cidades bem estruturadas que escolher. Mas realmente sentir o contraste é inevitável...

Anônimo disse...

Adorei o trocadilho com o "Circuito Elizabeth Arden".

Pois é, quem não quer sempre ficar só no bem-bom, no chique, no farto? As embaixatrizes que o digam (rsrs). Eu já estive no "Elizabeth Arden" também, saí e 'fiofó' do mundo... voltei anos depois para me reintegrar aos poucos a tudo que havia vivido. Desesperar jamais, mas a vida é um "carrossel".

Parabéns pelo blog!!

Vera Souto

Anônimo disse...

Um sábio... ou um cínico?